São vários os investimentos, entre eles, no aeroporto regional, que pode se tornar o terceiro maior de Minas Gerais, com capacidade de voos internacionais - Foto meramente ilustrativa 5o6k2z
Por Márcio de Paula –
O Jornal O Informante lança nesta edição a segunda matéria da Série de Reportagens sobre o Momento Estratégico do Vale do Aço – o tema dessa vez é o Turismo.
Com investimentos que podem mitigar gargalos logísticos históricos como a duplicação da BR 381, a pavimentação da MG 760, obras no aeroporto regional, investimentos no Parque Estadual do Rio Doce (PERD) e o necessário contorno viário que ligará a MG 760 a BR 381 podem colocar o Vale do Aço no futuro próximo, como um dos grandes eixos de atrações de investimentos de Minas Gerais.
A região tem vocação industrial que pode ser expandida, mas o Turismo é o segmento que mais poderá crescer nos próximos anos. O Vale se prepara para tentar abocanhar uma fatia desse mercado que tanto gera renda e desenvolvimento no estado e país. Para isso trabalha em várias frentes, e uma delas é o Aeroporto Regional do Vale do Aço.
De acordo com Fabiana Souza, Gerente de Planejamento da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Aço (ARMVA), o aeroporto terá capacidade para receber voos de grande porte. “A ARMVA fez a contratação junto a Infraero de um Plano Diretor Aeroportuário. Esse Plano foi atualizado em 2025. Quando essa implementação estiver finalizada, nossa expectativa é que ele seja o terceiro maior aeroporto de Minas Gerais no transporte de ageiros, com capacidade para receber voos internacionais. Além disso, há previsão de aumento nos terminais e construção de hangares para voos particulares e demais investimentos que vão gerar grandes perspectivas para região, ” projeta Fabiana.
Potencial
O gerente de Relações Institucionais e Assuntos Municipais da Invest Minas, Carlos Romualdo, destacou que o Leste do Estado vai se transformar em um pólo mais atrativo pelos investimentos logísticos anunciados. “Nossa equipe tem um trabalho tanto na busca de investidores, quanto no apoio das empresas que vem pra Minas Gerais. Em paralelo a isso, os especialistas setoriais dão e às prefeituras. Temos trabalhado em regiões que entendemos ter potencial para atração de investimentos, e a Leste é uma delas, por isso a Vanessa agora veio para cá,”aponta Romualdo.
Vanessa Moreira é Assessora Estratégica Regional do Invest Minas, e mudou recentemente para a região. “É muito pouco tempo para um diagnóstico mais profundo, mas até agora, vejo uma vocação muito boa para o turismo. O turismo rural, ecológico, de aventura, e o de negócios que já é conhecido. Em Minas, por onde a gente e vai encontrar belezas naturais, agora o momento é daqui, é da região leste,” pontuou Vanessa.
Estruturação
O turismo regional já há algum tempo trabalha para se estruturar em várias frentes. O Grupo Turismo no Vale se reúne periodicamente para pensar, planejar e executar ações no setor, e o Sebrae é fundamental nesse processo, como explica o analista técnico do Sebrae Vale do Aço, Alessandro Challub. “Atualmente temos um grupo que chamamos de Turismo no Vale, e há três frentes estruturadas ligadas a unidade Sebrae: o Ipatinga Rural Roteiro Turístico; Serra dos Cocais e Roteiros Turísticos; Rota Vale dos Tropeiros Cicloturismo com seis municípios, Timóteo, Dionísio, São Domingos do Prata, Antônio Dias, Jaguaraçu e Marliéria ando pelo Parque Estadual do Rio Doce. Essa Rota tem mais de 200 km. E ligado ao Sebrae de Caratinga tem a Rota do Mutum”.
Segundo Alessandro Challub, estão em andamento ações como sinalização para o Ipatinga Rural, logomarca, rótulos e embalagens para empreendedores da Rota Serra dos Cocais, além de consultoria financeira e criação de sites. No Vale dos Tropeiros Cicloturismo tem elaboração de catálogo, com todos os empreendimentos participantes, mostrando os serviços, valores e contato, assim como mapas e sinalização.
Circuito Mata Atlântica
O Circuito Mata Atlântica de Minas Gerais é uma importante instituição de fomento ao turismo regional composta atualmente por 18 municípios: Açucena, Antônio Dias, Belo Oriente, Bom Jesus do Galho, Bugre, Conceição de Ipanema, Coronel Fabriciano, Dionísio, Ipaba, Inhapim, Ipatinga, Jaguaraçu, Marliéria, Santa Maria de Itabira, Santana do Paraíso, Rio Piracicaba, Timóteo, Ubaporanga. Estar vinculado ao CTMAM possibilita aos municípios o o a políticas públicas estaduais e federais de turismo, incluindo o ICMS Turístico, que tem proporcionado aumentos expressivos na receita das cidades participantes.
Modalidades
As principais modalidades de turismo no Vale do Aço são: Turismo de negócios, rural, de aventura e ecoturismo. O de negócios é o que mais movimenta a região, em função da vocação industrial, das empresas âncoras e das feiras como a ExpoUsipa em Ipatinga e a ExpoInox em Timóteo.
De acordo com Renato Martins, presidente do Convention e Visitors Bureau Vale do Aço, diretor do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Vale do Aço (SindHorb), e também do Comitê Gestor do Grupo Turismo do Vale, há em andamento ações para transformar todo esse potencial em benefício efetivo. “Estamos capacitando e preparando também o setor da gastronomia, como bares e restaurantes. Uma parceria entre SindHorb e Sebrae está promovendo grandes avanços. Além de participarmos de feiras, estão acontecendo aqui workshops e palestras desde o ano ado, e a previsão é aumentar esses eventos e capacitações nesse ano,” diz Renato.
Aprimoramento
A capacitação é um dos pilares fundamentais para o fomento ao turismo, como destaca Alisson Castro Paiva, proprietário do Trem da Roça Artesanal. “Em nosso Rancho recebemos turistas para vivenciar a vida simples da roça e fazer uma trilha para ver o nascer ou por do sol, e um delicioso café com todos os nossos produtos. Estamos dentro da Rota Vale dos tropeiros Cicloturismo.”
O empreendedor complementa. “Temos a oportunidade de capacitação com dois parceiros principais em nosso negócio, o Sebrae o Senar. O Senar foi o propulsor para este negócio, todo meu treinamento e reciclagem, o como istrar a fazenda e a qualidade do leite. Já o Sebrae veio alimentar esses sonhos e dizer que é possível avançar. Trouxe a Rota dos Tropeiros nos apresentando oportunidades e planos de ação. Nos levando a fazermos juntos tudo acontecer com uma roda de empreendedores buscando o mesmo objetivo, que é receber e atender com o melhor que temos. O Sebrae é uma engrenagem importante com suas agendas de reuniões, treinamentos e ação, todos com datas e resultados, provando que unidos somos mais fortes”, ressalta Alisson Paiva.
PERD
A maior reserva de mata atlântica de Minas Gerais é um grande trunfo e privilégio para o Vale do Aço, e a por significativos investimentos. Desde 2021, um termo de parceria foi firmado para aplicação de R$ 21 milhões ao longo de quatro anos, com término previsto para o final de 2025. O recurso é proveniente da decisão judicial para compensação dos danos causados pelo rompimento da barragem de rejeitos da Samarco, em Mariana. “As melhorias contemplam a construção e reforma de decks, quiosques, playgrounds, estações de tratamento de esgoto (ETEs), estruturas de hospedagem e outros espaços que visam qualificar o atendimento à gestão e ao público visitante”, informou a assessoria em nota .
Esporte de aventura
O esporte de aventura é uma modalidade que cresce no Vale do Aço. Adriano de Oliveira trabalha há décadas nesse segmento. “Nossa região é muito bela, existem locais que ainda não foram descobertos para o esporte, a cada ano descobrimos lugares novos. Em nossa região são praticadas modalidades como: Trekking, Rapel, Bike, Caiaque, Stand up paddle, Trailrun e Voo livre. Mas precisamos de pontos turísticos mais estruturados, porque turismo sem infraestrutura não acontece,” enfatiza Adriano.
Investimentos
Mauro Sérgio Guimarães, diretor-geral da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Aço (ARMVA) falou sobre investidores. “Recebi um ofício de um grupo empresarial com intenção de investir cerca de R$ 500 milhões na região. Também recebi no final do ano ado um grupo de hoteleiros vendo a possibilidade de hotéis e resort por aqui, estão olhando a princípio aquela região de Marliéria, Jaguaraçu, Dionísio, São José do Goiabal” afirmou.
O empresário do setor imobiliário, Henrique Americano, também foi procurado por investidores. “O Parque Estadual do Rio Doce tem um potencial enorme, e já participei de reuniões com grandes empresas na área de Turismo que estão fazendo estudos para investimentos aqui, tem grupos de São Paulo e rede hoteleira com atuação no Brasil e no exterior”, revelou Henrique.
Importância das Rotas
As rotas e roteiros são importantes ferramentas de fomento ao turismo. Ana Cleide é a idealizadora e responsável pela Rota do Mutum que acontece desde de 2019 com o apoio da Cenibra, Prefeitura de Ipaba, Sebrae, Circuito Mata Atlântica e Fundação Renova. “Além da Fazenda Macedônia, de propriedade da Cenibra, participam da Rota do Mutum os seguintes empreendimentos: Palmito DoceVida, Quitutes da Bel, Toca dos Bichos, Cachaça Primavera, Restaurante e Pousada Maria Emília, Apiário Vale Verde e Ana Cleide Eventos Exclusivos. Em todos os roteiros desenvolvemos o turismo rural e o agroturismo, onde os turistas têm oportunidade de vivências nas áreas rurais dos municípios, conhecendo mais de perto a produção local dos empreendimentos envolvidos, como também aspectos gastronômicos, culturais, históricos e ambientais de cada propriedade,” explica Ana Cleide.
Matérias relacionadas: